As festas mais populares da nossa terra, eram as festas dos Santos Populares, conhecidas por "Fogueiras do S. João".

Em Junho festejavam-se os Santos Populares e as eiras e os largos da nossa terra, eram embelezados com flores, arcos e balões para que ali se cantassem e dançassem, à voz do mandador, as "Fogueiras do S. João".
Eram modas de roda muito simples, em que o mandador andava no meio da roda, dizendo a alto e bom som, com as fogueiras se deviam dançar. Lembrando sempre que tudo tinha de cantar enquanto dançava.

O nosso grupo realiza todos os anos uma noite de Fogueiras para manter viva a memória desta tradição.

Os Jogos Tradicionais são uma forma de expressão e divertimento de um povo, daí, serem uma parte importante do património tradicional de uma região.

Juntamente com as danças, os jogos constituíam uma atividade de lazer praticada por homens e mulheres. Também as crianças tinham os seus jogos bem caracteristicos.

Reconstituimos habitualmente, o "Jogo da Malha", o "Jogo do Burro", a "Corrida de Cântaros", a "Corrida de Sacos", o "Atirar às Latas", a "Caça ao Galo", o "Jogo de Puxar à Corda", a "Subida do Pau Ensebado", o "Jogo do Pião" e a "Corrida de Arcos".

No século XIX e princípios do do século XX, existia em Ceira, a "Lavadeira", que se dedicava à lavagem da roupa das senhoras de Coimbra. Esta, era uma personagem importante, não só pelo trabalho que desenvolvia, mas também pelas profissões que se desenvolveram paralelamente, como por exemplo, o "Barqueiro" e o "Carreiro".

As Lavadeiras deslocavam-se a Coimbra, às segundas-feiras, levando a roupa lavada em trouxas, protegida por uma serapilheira e regressavam com a roupa suja, envolvida num lençol, para mais uma semana de árduo trabalho.

O ato de entregar, conferir e receber a roupa era denominado por "Dar a roupa ao rol". Sempre que faltava uma peça, a lavadeira tinha que indemnizar a respetiva "senhora". A indemnização chegava a custar 50$00 (cinquenta escudos), isto a preços de 1940/1950.

O processo de lavagem da roupa, era realizado em pleno rio Ceira e consistia em seleccionar de acordo com a respectiva utilização e sujidade, molha, "Barrela" ou "Infundisse", passar por água corrente, corar, tornar a passar, enxugar e dobrar.

O "Canto das Almas" é uma prece para a libertação das Almas, a fim de que alcançassem a purificação e pudessem passar do purgatório ao céu.

"Jesus Cristo verdadeiro
Vai na nossa companhia
Atormentado de dores
De continuo padecendo
Assim são as Almas Santas
No Purgatório ardendo"

Em meados do século XX, durante a Quaresma, dois grupos de homens ligados às Irmandades do Santissimo e da Nossa Senhora da Assunção, cantavam, rezavam e pediam esmolas. Estas eram destinadas à realização de missas pelas Almas.

"As Almas do Purgatório
Nos mandaram aqui vir
Que nos dessem vossa esmola
Para do fogo sair"

Ao sábado à tarde ou ao domingo, percorriam as aldeias de Ceira, escolhendo sempre os sítios mais altos, para se fazerem ouvir e ouvirem-se uns aos outros. Eram dois grupos, um em cada extremidade da rua, respondendo uns aos outros, sempre com grande respeito e devoção.

“Sarração da Velha” ou também “Serração da Velha” é uma tradição com origem em cultos pagãos da Idade Média.

A “Sarração da Velha” realiza-se na quarta-feira, do meio da Quaresma, ou seja, a meio de um período de grande intensidade religiosa. Esta tradição servia, para descarregar uma certa tensão, numa época em que não eram permitidos divertimentos, constituindo uma exceção.

Até meados do século XX, esta tradição era realizada todos os anos, por grupos de jovens que se juntavam espontaneamente e, de improviso, na calada da noite e sem iluminação nas ruas. Caracterizava-se por sátira social dirigida a uma velha, descobrindo-se alguns segredos menos agradáveis, que por norma atingiam toda a família.

A vizinhança, ao ouvir a algazarra, vem às portas, às janelas ou aos recantos das ruas, com grande curiosidade para ouvir as críticas mordazes.

Em 1993, o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Ceira, propôs-se a reconstituir a Romaria ao Divino Senhor da Serra, que se realizava nos finais do século XIX e princípios do século XX.

Desde o início que se pretendeu que essa reconstituição fosse levada com a toda a seriedade e respeito pelos princípios da etnografia, pelos quais todos os grupos se devem reger.

A povoação do Senhor da Serra e o Santuário que lhe deu o nome, estão situados na freguesia de Semide, concelho de Miranda do Corvo.

Todavia, as respetivas origens, bem assim como a Romaria, estão muito ligadas à freguesia de Ceira, concelho de Coimbra, por essa razão o grupo, fiel aos seus princípios de recolha, preservação e divulgação da cultura popular da zona em que está inserido, quis preparar, com todos os cuidados, a reconstituição da Romaria ao Senhor da Serra.

Dança de Festas e Romarias, recolhida em Ceira.

Esta dança muito alegre e movimentada refere-se ao gaio.
É bastante apreciada pela sua beleza e canto.

O povo tinha o seu fado cantado ao desafio, normalmente por um homem e uma mulher.

Esta moda era dançada nas festas, nos arraiais e terreiros à voz do mandador.
Poderia, também, ser cantado ao desafio por várias pessoas.

Dança de terreiro, com que o povo se divertia nos seus tempos de lazer.
É critica, e talvez até brejeira, em relação a esta figura tipica, como se depreende desta quadra:

" A Farrapeira é pobre
Ela diz que tem, que tem
Há-de ir descalça p'ra cama
Assim como eu também "

O Saloio para além de um bater do pé muito peculiar, próprio da serra do Carvalho,
documenta-nos essa característica através das suas quadras:

" Esta moda é bem linda
Do tempo da minha mãe
Inda ficou na mimória
P'ra filha a cantar também "

Dança recolhida no lugar do Carvalho, em 1985.

Dança de roda, muito característica dos bailes e arraiais no lugar de Carvalho.
O rapaz tanto agarra o par para ir ao meio e rodopiar, como brinca entre duas raparigas.

Dança de romaria, recolhida no lugar do Senhor da Serra, onde, ainda hoje, se realiza uma das maiores romarias da região de Coimbra.

Depois de pagarem as respetivas promessas, os Romeiros, cantavam e dançavam, sempre, em louvor do Divino Senhor da Serra.

No final do século XIX, muitos espanhóis emigraram para a região de Coimbra afim de trabalharem nas minas de ouro no Zorro, povoação da margem esquerda do Mondego, muito perto de Ceira.

A sua presença fez influência nos usos, nos costumes e na cultura da região, como se verifica neste vira, que além de algumas referências na letra, tem na dança características muito semelhantes a algumas modas espanholas, nomeadamente, a posição dos braços e o virar de homens com homens e mulheres com mulheres.

O Vira é uma das danças mais antigas de Portugal, adotado por todas as regiões etno-folclóricas, cada uma com as suas características próprias.

Dança de roda, muito característica dos bailes e arraiais no lugar de Carvalho.
O rapaz tanto agarra o par para ir ao meio e rodopiar, como brinca entre duas raparigas.

Também em Coimbra, nas noites quentes das festas da Rainha Santa, se cantava e dançava até altas horas da madrugada nos areais do Mondego.

Foram-se os areais, com a construção do Açude-Ponte, mas permanecem as danças e os cantares graças à ação da recolha, preservação e divulgação da cultura popular que tem vindo a ser feita por alguns Grupos Folclóricos.

Esta dança foi recolhida em Ceira.

O Vira de Todos é uma dança de terreiro que permitia a participação de todos quantos se quisessem integrar, mesmo aqueles que não tivessem par, que roubando o lugar podiam fazer o gosto ao pé.
A roda era maior ou menor conforme fosse o arraial e o espaço do terreiro.